Maracaípe: você também vai se apaixonar por esse lugar

*Por Bárbara Fonseca

Fim de tarde, céu limpo e mar agitado. Dois meninos, na faixa dos 12 anos, despontam de uma ruela com suas pranchas de surf debaixo do braço, em direção à praia. Descalços, sem camisa, andar despojado, pele e cabelo dourados pelo Sol. De longe, se escuta o relinchar de um cavalo. O animal passa aos solavancos pela rua de terra, se esquivando de dois cachorros que o provocam com o latido incessante. Ali bem perto, um grupo de homens se organiza, em passos orquestrados sobre a areia, para puxar uma rede de dentro do mar. É dia de pesca. Pelos gritos animados dos pescadores, a labuta será recompensada.

Este é mais um dia comum em Maracaípe, praia do litoral Sul de Pernambuco, a 75 quilômetros do Recife. Vizinha de Porto de Galinhas, um dos destinos de maior fluxo de turistas do Brasil, Maracaípe se difere da popular praia nordestina por sua tranquilidade. Dependendo do dia e da hora, não é difícil olhar ao redor e constatar que você está sozinho na praia. O povoado, antiga colônia de pescadores, se desenvolveu nos limites do manguezal e o do rio que também leva o seu nome: Maracaípe. Em tupi, árvore que canta.

Vivi os últimos três meses neste pequeno e simpático povoado. No post anterior do blog, que você pode ler aqui, conto mais sobre minha decisão de passar uma temporada no Nordeste. Agora, já de volta à Minas Gerais para começar outra aventura, vou te mostrar um pouco mais dos encantos desta região, sempre com o olhar de quem viu e viveu de perto. Vem comigo e descubra por que, assim como eu, você vai se apaixonar por esse lugar. 

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O Pontal de Maracaípe

Onde o Rio Maracaípe se encontra com o mar, no chamado Pontal, o cenário é de rara beleza. Não há um só dia em que se repita a paisagem. Muda de acordo com a maré, com a Lua, com o Sol, com o vento. No encontro das águas, forma-se uma grande piscina, às vezes de águas turvas e, outras, mais cristalinas. Quando a maré está totalmente seca, se caminha pelas areias marcadas pelo curso da água, sendo possível adentrar o oceano em grande distância. Tudo emoldurado por coqueiros e manguezais.

No período de muitos ventos, há quem vá ao local para a praticar kite surf. As águas também são propícias para stand uppasseio de jangada pelo mangue, este oferecido pela associação de jangadeiros a R$ 25 por pessoa. Já a prancha de SUP pode ser alugada em um pequeno quiosque que há quase na chegada no Pontal.

Para comer e beber, há alguns restaurantes e barracas ao longo do trajeto pela praia, mas exatamente no pontal há três opções. A mais econômica e, por isso, minha preferida, é um carrinho ambulante que fica parado bem na chegada do Pontal. O pessoal é bem simpático e não cobra consumação mínima para emprestar cadeiras e guarda-sol (prática bem comum em Porto de Galinhas). É tudo bem simples: cerveja (R$ 5, latão), refrigerante, água de coco e queijo coalho na brasa com orégano e melado de cana (R$ 5). Para quem quer algo diferente, o Bar do Galo, aberto aos finais de semana, é uma ótima pedida. Localizado em um pequeno banco de areia no meio do mangue, o bar é famoso por suas caipis de frutas (R$ 13) e mesas na beira do rio.

O pôr do Sol no Pontal é espetáculo cuja beleza não poderia ser descrita nem pelo mais incrível dos poetas. Não se trata apenas de admirar o cair da tarde no horizonte de coqueiros, mas sim de estar deitado sobre águas mornas enquanto observa o trabalho da natureza. Para não perder o visual, é bom ficar de olho na tábua das marés, uma ferramenta bastante útil que mostra os horários em que a maré vai estar alta e baixa, além da hora do nascer e do pôr do Sol. Saber sobre as marés é importante para planejar atividades como a ida às piscinas naturais de Porto de Galinhas, além do surf, passeio de jangada e mesmo algumas caminhadas.

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Cair da tarde no Pontal
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Maré começa a encher no Pontal: dia de águas cristalinas
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Maré seca no Pontal
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Bar do Galo: boa pedida para o fim de semana

Melhor surf de Pernambuco

Nunca pisei em uma prancha na vida, mas confesso que sinto uma pontinha de inveja dos praticantes deste esporte. Estar o dia todo aí metido na água, a espera da onda perfeita, deve ser mesmo incrível. Maracaípe é famosa entre os surfistas do país por ter umas das melhores condições para a prática do esporte na região. Por esse motivo, a praia é palco para campeonatos importantes, como você pode conferir neste calendário.

Não sei dizer há quanto tempo a praia foi descoberta por surfistas, mas é certo que entre os jovens locais o gosto pelo esporte parece estar no sangue. Dá gosto de ver a naturalidade com a qual a molecada desfila com suas pranchas, encara as ondas e explode em gritos eufóricos a cada manobra executada. Há, inclusive, uma escolinha de surf do povoado que dá aulas de graça aos meninos dali. Em uma região em que as crianças se encontram em tamanha vulnerabilidade social – a parte triste que o turismo não mostra – o surf pode ser uma alternativa.

A trilha dos coqueiros para Porto de Galinhas

Os 3 km que separam Porto de Galinhas e Maracaípe podem ser feitos pela estrada asfaltada (de carro ou transporte público – há ônibus, kombis e vans regulares, de 6h às 22h, e custam R$ 3,20), ou pela praia. Na segunda opção, você poderá escolher caminhar pela areia, à beira-mar, ou passar por uma estradinha de terra que há paralela à praia. Esta trilha, por onde também é permitido passar carros, é cercada de coqueiros, o que garante um pouco de sombra e um cenário bem bonito para fotos.

Caminhar por esta trilha era um dos meus passatempos favoritos em Maracaípe. Além do visual, nesse trecho o mar é mais tranquilo para banho, além de ter as águas esverdeadas que são a marca da região.

Chegando a Porto, há, ainda, as ruínas de uma construção, que os locais dizem ser de um hotel, que conferem uma atmosfera curiosa. Algumas paredes se transformaram em tela para a arte de rua, numa curiosa mescla que, também, rende boas imagens.

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Paisagem característica de Maracaípe
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Ruínas transformadas em “galeria” de arte de rua
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Caminhada na trilha dos coqueiros: 3 km até Porto de Galinhas

Então, já quer arrumar as malas?

Se você já se rendeu aos encantos de Maracaípe e não vê a hora de conhecer este paraíso, veja as dicas abaixo que separei para você. Em caso de dúvidas, é só entrar em contato que responderei com o maior prazer. Para saber outras dicas e curiosidades, te convido a me seguir no Instagram (@barbara_possoprovar) e acompanhar nossa página no Facebook.

Como chegar:

Maracaípe está a 75 km de Recife. Do aeroporto, você terá as opções:

Ônibus:

O trecho é operado pela empresa Vera Cruz. Há a linha mais barata, sem ar condicionado, que custa R$ 10,70. Confira os horários aqui. A linha mais cara, chamada de opcional, custa R$ 15,70 e os horários são esses aqui. Nenhuma das duas linhas passam pela estrada nova, que é mais rápida e pedagiada. Por isso, a viagem dura em torno de 2h30. Ambos tem parada dentro do aeroporto, é só perguntar no guichê de informações.

Taxi:

Os taxi cobram os mais variados preços. De Porto ao aeroporto, por exemplo, é fácil encontrar taxi coletivo na porta do Supermercado Soberano. A gente pagou R$ 25, passando pela estrada nova e com mais uma pessoa no carro. Mas dependendo, o preço pode até ser menor. Já no aeroporto, pode ser mais difícil negociar. A gente pagou R$ 80 pelos dois quando chegamos, sendo que a oferta inicial do taxista era de R$ 120. Já uma amiga pagou R$ 10 em um taxi coletivo. Há também a opção de pedir um Uber, que cobrará, em média, R$ 85 até Maracaípe.

Operadoras de turismo

Se você estiver em grupo, uma boa opção pode ser contratar os serviços de uma operadora de turismo para realizar o traslado. Uma das operadoras mais famosas em Porto de Galinhas é a Luck .

Onde ficar:

Em Maracaípe, há desde campings, como o Maracamping, localizado a poucos metros da praia, a pousadas e hostel de preços variados. Diferente de Porto de Galinhas, em Maraca não há grandes resorts e as hospedagens não despontam do clima do lugar. Uma pousada mais básica, com ar condicionado no quarto e café da manhã, sai a R$ 120 para o casal (caso do Jardins do Porto e Sargaço do Maraca. Mas há outras mais sofisticadas, como o Brisas, no Pontal, e o Xalés de Maracaípe, na beira-mar. Você também pode buscar casas de temporada no OLX. A nossa mesmo encontramos na página.

Onde comer:

Há poucas opções de restaurantes, sobretudo na baixa temporada. No nosso caso, a gente sempre cozinhava em casa. Há bons supermercados em Porto, com preços razoáveis, e dois mercadinhos em Maracaípe. Quando saíamos para comer fora (o que é até engraçado dizer em Maracaípe, porque é uma roça mesmo <3), tivemos boas experiências nestes lugares:

Sushigor: restaurante japonês bem simples, montado em uma casa. Os preços são bons, comparados aos de Porto e a lugares como BH e ainda tem umas opções curiosas para quem é adepto a invenções de moda, como o sushiburguer o sushidog.

Pizzaria Caverna: Está ao lado do Hostel Brisas do Mar, na beira da praia. O dono é italiano e, por isso, a pizza é a especialidade da casa, que também trabalha com pratos a la carte e hamburguer artesanal. Quando fomos, comi um de chaque com queijo coalho e estava bem gostoso. É boa opção para ir à noite, pois não há muito o que fazer por ali.

Bar do Galo: Já falei do bar acima, que é famoso por seus drinks. Mas eles também servem peixes bem gostosos. Antes de fazer, o garçom traz os peixes que há na casa, para você escolher, o que é garantia que a carne está fresquinha.

Paulo, o “cara da pizza”: Descobrimos o Paulo por acaso. Ele estava parado com sua bicicleta na porta do mercadinho. Na garupa, havia fatias de pizza à venda. A partir desse dia, nos tornamos fregueses. Ele mora na área do mangue e faz a pizza em sua casa. A massa é fininha, o recheio simples, mas saboroso. Custa R$ 24 e ele entrega na sua casa. O telefone dele é (81) 9 8635-3331.

Além destas opções, há restaurantes mais populares para almoçar, como o que está ao lado da escola, onde comem muitos dos motoristas de ônibus (custa R$ 10 o PF, com um copo de suco) e um self-service sem balança e uma carne que há perto do mercadinho Altas Ondas. Para comprar bebidas, recomendo o Alice Bebidas, uma pequena distribuidora localizada na entrada de Maracaípe. Eles oferecem bons preços e simpatia.

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